Indústria

24/06/2024 03:00h

Segundo último levantamento sobre o indicador, divulgado pela CNI, o aumento das exportações brasileiras foi superior ao mundial

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O Brasil ganhou duas posições no ranking mundial de exportações industriais. O desempenho se deu diante de um registro de níveis recordes de exportação em 2022, ao sair de um crescimento de 0,84% em 2021 para 1,05% no ano seguinte. Com o resultado, o maior desde 2012, a estimativa é que o Brasil saia da 28ª para a 26ª posição e ultrapasse Suécia e Indonésia. A China lidera o ranking. Os dados constam no último levantamento sobre o indicador, divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O professor de economia do Insper Otto Nogami explica o que contribui para o avanço. “O avanço nas exportações industriais brasileiras foi influenciado por uma combinação de fatores, principalmente relacionados ao ambiente econômico global, políticas de comércio exterior e esforços do setor industrial brasileiro em se adaptar e competir no mercado global”, avalia o professor. 

Exportações do agro batem recorde e atingem US$ 15,24 bilhões em abril

O aumento das exportações brasileiras foi superior ao mundial. A estimativa da CNI é de um crescimento de 23,44%. Enquanto o resultado global no período foi de -0,44%. Apesar do avanço nas exportações. Por outro lado, a produção industrial de transformações permaneceu praticamente a mesma. Para Otto Nogami, é preciso implementar ações estratégicas para aumentar a competitividade da indústria nacional. 

“Tais como investimento em tecnologia e inovação, melhoria da infraestrutura, educação e formação de mão de obra, estímulo à pesquisa e desenvolvimento, incentivos fiscais e financiamento, integração às cadeias globais de valor e melhorar as políticas de comércio exterior”, defende.

PRODUÇÃO INDUSTRIAL

Em relação à produção industrial, o Brasil ocupa a 16ª posição. O desempenho e a posição do país seguem praticamente inalterados, segundo a CNI. A entidade ressalta que a produção brasileira tem uma trajetória de queda desde 1996. Membro da Frente Parlamentar Mista da Indústria, o deputado federal Vitor Lippi (PSDB-SP) defende, dentre outros pontos, incentivos à tecnologia e inovação para a retomada industrial e para o desenvolvimento econômico do país.

“A gente precisa estudar qual é a forma de reduzir esse Custo Brasil, qual é a forma de fazer com que os investidores internacionais queiram investir nas indústrias e que as indústrias que estão aqui se sintam seguras para investirem e poderem crescer, porque a escala é fundamental hoje nas indústrias, quando se fala em cadeias  globais de valor, se fala em produzir muito para   reduzir o custo por produção e você pode fornecer para o mundo, então tem que ter todas essas preocupações”, afirma. 
 

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18/06/2024 00:03h

Embora esteja acima da linha dos 50 pontos, a confiança do empresário industrial na economia brasileira recuou 0,8 pontos percentuais em junho se comparado com maio e é a menor do ano

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Os empresários industriais preferem esperar o desenrolar da economia brasileira no segundo semestre para novos investimentos. É o que mostra o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgado nesta segunda-feira (17). De acordo com o indicador, neste mês, a confiança empresarial foi de 51,4 pontos, menor 0,8 pontos em relação a maio e, também o menor índice do primeiro semestre.

Mas, embora o número mostre um freio por parte dos empresários, a CNI vê o cenário como moderado nestes primeiros seis meses do ano e enfatiza que o índice ficou acima da linha dos 50 pontos. O órgão credita essa retração às discussões em torno da regulamentação da reforma tributária, em curso na Câmara dos Deputados, e também à taxa básica de juros.

Conforme a economista da confederação, Larissa Nocko, a queda em junho em relação a maio foi causada tanto pelo componente de expectativas quanto pela avaliação das condições atuais. "Ou seja, houve uma queda nas expectativas para os próximos seis meses relacionadas à empresa e à economia brasileira e houve uma queda também da avaliação das condições atuais da empresa quanto da economia brasileira", disse.

A especialista chama a atenção, ainda, que o dado de junho e o acumulado do primeiro semestre, embora estejam indicando mais confiança em relação aos primeiros seis meses de 2023, estão inferiores à confiança de anos anteriores, no intervalo entre 2018 e 2022.

"Ou seja, o empresário industrial está confiante, mas essa confiança é bem moderada, parcimoniosa, porque ainda existem uma série de desafios a serem enfrentados ainda este ano. Por exemplo, a reforma tributária está passando pelas suas discussões, mas ainda não foi concluída. Existe a questão da taxa de juros, que está num patamar inferior ao que a gente viu no primeiro semestre do ano passado, mas ainda se encontra num terreno restritivo, contracionista, impedindo que a atividade econômica flua de uma forma mais intensa", analisou Larissa.

Ela acrescenta, ainda, que a expectativa de crescimento do PIB para 2024, embora seja positiva, ainda está indicando uma desaceleração em relação ao ano passado. "A expectativa de crescimento do PIB pela CNI, atualmente, é de 2,4%, enquanto que no ano passado foi de  2,9%."

Pode melhorar

O consultor econômico da Remessa Online, André Galhardo, faz uma análise mais profunda para a moderação do empresário industrial neste primeiro semestre. Ao comparar o nível de confiança do setor medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), ele afirma que há uma "melhora contínua" mesmo aquele indicador tendo ficado em 98, abaixo da linha de 100, referente ao mês de maio.

"Embora o resultado tenha vindo 98 pontos (...) essa é a leitura mais forte em cerca de 20 meses, quase 2 anos. Isso mostra uma recuperação da confiança do setor, ainda que os números não estejam em patamares que a gente possa, de fato, comemorar. No entanto, ele mostra uma tendência de melhora", ressaltou Galhardo.

Taxa Selic

O economista avalia que a melhoria do cenário em quase 2 anos e a moderação empresarial neste primeiro semestre do ano se deve, também, aos cortes da taxa de juros no Brasil, praticadas desde o ano passado pelo Banco Central nas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). Mas ele acredita que a confiança empresarial pode se abrandar mais ainda no segundo semestre, caso o Copom congele  a queda da Taxa Selic.

"Com a expectativa de que o Copom vá interromper de modo prematuro o ciclo de cortes da taxa de juros, mantendo-a em 10,5%, no melhor dos cenários. entre 10% e 10,5%, esse nível de confiança pode abrandar daqui pra frente", afirma. 

Ele explicou que o setor industrial é um dos setores que mais sentem um impacto de uma política monetária restritiva, ou seja, de uma taxa de juros elevada. Galhardo afirma que se a taxa atual for mantida, na reunião do Copom prevista para esta semana, isso acabaria impactando de forma desproporcional a indústria doméstica. 

"Isso pode reverter esse cenário de melhora que a gente viu ao longo do primeiro semestre. Eu volto a dizer: não é que tá tudo bem, o próprio índice de confiança da FGV, que está no nível mais elevado em 20 meses, ainda está longe e neutro de 100 pontos, mesmo assim é um cenário de melhora. A manutenção da taxa de juros pode desfazer esse caminho que a confiança do empresário industrial tomou ao longo dos últimos meses, ao longo dos últimos anos", frisa o economista.

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15/06/2024 03:00h

Pesquisa Mensal da Indústria divulgada nesta sexta-feira (14) pelo IBGE mostra que cinco dos 15 lugares pesquisados, o setor industrial apresentou queda em abril

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A indústria nacional registrou um leve recuo de 0,5% em abril se comparado a março. Os números foram revelados pela Pesquisa Mensal da Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PMI/IBGE), nesta sexta-feira (14).

Dos 15 locais pesquisados, cinco também seguiram em queda naquele mês: Pará, Bahia, Goiás, Minas Gerais e a região Nordeste. O Estado do Pará, na região Norte foi o que mais apresentou retração em sua indústria local, com 11,2%. De acordo com o analista da PIM Regional, Bernardo Almeida, a indústria paraense foi uma das principais influências negativas sobre o resultado nacional. "O setor extrativo foi o que mais influenciou esse comportamento negativo para o Pará", disse o especialista pelo fato de ela ser pouco diversificada.

Em segundo lugar, em ternos de infIuência no cenário nacional aparece a Bahia, com queda de 5,4%. "Os setores de derivado e petróleo e também de produtos químicos foram os setores que mais influenciaram esse comportamento da indústria baiana nesse mês de abril", acrescentou Bernardo.

Indústria do Nordeste

Na análise do economista Newton Marques, a influência da queda na indústria da região Nordeste como um todo não tem muito impacto no resultado nacional, haja vista que o grosso do setor industrial está mais concentrado nas regiões Sul e Sudeste. 

"Essa informação não é tão relevante do ponto de vista de mostrar que está havendo uma desindustrialização ou mesmo uma situação muito negativa para a indústria como um todo, principalmente que a indústria tem um efeito para frente e para trás muito importante e acaba ressentindo as elevadas taxas de juro ainda um ambiente que não dá pra dizer que é de um desempenho da atividade econômica", disse.

Destaque

Já no lado positivo, destaca Bernardo, aparece a indústria do Paraná, com crescimento de  12,8% em termos regionais. Segundo ele, a ´performance se deu nos setores de derivado de petróleo e também de alimentos. "Com essa taxa, elimina 2 meses de resultado negativos onde acumulou uma perda de 12,6%", observou o analista.

Bernardo também destaca São Paulo, que registrou um crescimento de 1,9%, principalmente na indústria de alimentos, derivados de petróleo e também de veículos e mostra que a indústria paulista está em franca recuperação. "Com esse resultado, está 1,8% acima do seu patamar pré-pandemia", destacou.

Newton Marques assinala que o recuo de 0,5% na indústria nacional em abril não é "de todo ruim". "Mas é um número que não é positivo por conta de que a indústria está reagindo abaixo do que estava sendo esperado", finalizou. 

 

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13/06/2024 00:04h

O número de horas trabalhadas aumentou 2,4% em relação a março e 8,2% em comparação com abril de 2023

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Na passagem de março para abril de 2024, o faturamento real da indústria de transformação cresceu 1,5%, aponta levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI). De acordo com o balanço, na comparação com abril de 2023, a alta foi de 12,2%. Para a edição de abril, foram consultadas 980 empresas entre 2 e 27 de maio.

A economista da CNI, Larissa Nocko, aponta que a indústria também mostrou um resultado positivo no Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre deste ano.

"Isso se dá muito em função de um mercado de trabalho aquecido, de um ambiente de crédito mais favorável, uma inflação contida. Isso tudo favorece a demanda, essa capacidade de absorção interna, de demanda por parte dos consumidores. Então o consumo tem mostrado comportamento forte", pontua.

O levantamento indica que o número de horas trabalhadas na indústria de transformação aumentou 2,4% de março para abril de 2024, na série ajustada sazonalmente. Em comparação com abril de 2023, houve um crescimento de 8,2%

O indicador de emprego mostrou uma leve variação de 0,3%, indicando estabilidade em abril. Comparado a abril do ano passado, esse índice teve um aumento de 1,4%.

Massa salarial e rendimento médio

A massa salarial diminuiu 2,8% e o rendimento médio dos trabalhadores recuou 2,5% de março para abril de 2024, na série ajustada sazonalmente. No entanto, ambos continuam em alta em relação a 2023.

A economista da CNI explica que o recuo em abril já era esperado, devido ao fechamento de uma fábrica no estado de São Paulo.

"Por conta do pagamento das verbas rescisórias do mês, acabou elevando esse dado de março. Agora, em abril, esse número não se reproduziu e mostrou uma queda. Mesmo diante dessa queda verificada no rendimento médio e na massa salarial, esses indicadores retornam ao patamar que estavam anterior a esse pico e retornam para uma trajetória crescente", completa.

Rio Grande do Sul

É importante destacar que esta edição dos Indicadores Industriais não considera o impacto das enchentes no Rio Grande do Sul. Esse impacto deverá ser observado principalmente no próximo levantamento, que apresentará os dados referentes a maio.

Expectativas

Para o economista Cesar Bergo, as perspectivas para a indústria não são positivas, pois o número desse levantamento não reflete acontecimentos de maio, como a alteração da política de taxa de juros, pelo Banco Central, que reduziu os juros da Selic.

"A perspectiva é que não haja mais redução. E a taxa de juros está em um patamar realmente bastante elevado para a indústria. Também há um cenário econômico global que apresenta algumas condições que podem impactar a demanda pelos produtos industriais", aponta.

Bergo também afirma que nas políticas internas há alguns desencontros em relação às questões da reforma tributária, o que também compromete as perspectivas da indústria para os próximos meses.

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13/06/2024 00:03h

A medida limitava a compensação de créditos tributários, o que poderia aumentar os custos das empresas e prejudicar a competitividade

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O presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, anunciou a devolução de trechos da Medida Provisória 1227/24, que impõe restrições à compensação de créditos das contribuições ao PIS/Pasep e à Cofins. Na semana passada, a MP foi publicada com o intuito de ampliar a arrecadação de impostos do governo federal. As informações foram divulgadas pela Câmara dos Deputados.

Na decisão, Pacheco disse que enviou uma mensagem ao presidente da República, Lula, rejeitando os incisos III e IV do artigo 1º e os artigos 5º e 6º da MP 1227/24. Assim, essas partes não valerão e não terão tramitação no congresso. O resto da medida continua valendo e será analisado pela Câmara e pelo Senado.

Especialista em direito tributário e sócio diretor do Asafe Gonçalves Advogados, Asafe Gonçalves explica que, na prática, a medida limitava a maneira como as empresas poderiam compensar créditos de contribuições tributárias ao PIS/Pasep e à Cofins. 

"Ela determinava que, a partir de junho de 2024, esses créditos poderiam ser utilizados apenas para compensação dos próprios tributos, ou seja, PIS/Pasep e Cofins. Ou seja, você não poderia mais abranger tributos como o IRPJ. E isso era uma era um tiro no pé, porque as empresas utilizam esses créditos para compensar débitos de outros tributos", informa.

O especialista explica que caso a MP tivesse sido mantida, as indústrias teriam uma menor margem para gerenciar pagamentos tributários, o que poderia levar ao aumento de custo. Ele destaca que estes custos adicionais provavelmente seriam repassados ao consumidor final, além de produzir uma redução na competitividade no mercado nacional e internacional.

Recuo do governo

"O governo teve que recuar. Houve pressão da indústria quando a CNI [Confederação Nacional da Indústria] não foi na comitiva para China, em represália àquilo que estava sendo proposto como novo regramento tributário. Nós tivemos um posicionamento da China de mudar a sua cota de compra para outro país, que eram os Estados Unidos, porque o regramento tributário ficou mais duro no Brasil. Então o governo teve que recuar, porque poderia perder um dos seus maiores parceiros comerciais, prejudicando a indústria agrícola", aponta Gonçalves.

De acordo com a CNI, a MP 1.227, junto com outras medidas do ano passado, poderiam causar um impacto negativo total de R$ 79,1 bilhões para a indústria neste ano.

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Para Asafe Gonçalves, a devolução parcial da MP pode ser vista como uma contrariedade aos planos iniciais do governo, representando uma espécie de derrota política. Isso porque o governo tentou emplacar uma forma de arrecadar mais, endurecendo a questão tributária e "dificultando" a vida do empresário, mas precisou recuar.

O especialista destaca que a devolução de trechos da MP mostra que qualquer tentativa de alterar rapidamente a política fiscal do país, sem um amplo debate e sem considerar as consequências para os principais setores econômicos, não terá um retorno favorável do Congresso Nacional.  

"Essa situação vai refletir negativamente na imagem do governo mais uma vez, perante a própria opinião pública e o setor industrial empresarial, porque transmite essa percepção de desconsideração das dinâmicas econômicas", explica.

Além disso, Gonçalves afirma que o recuo colocará em risco, mais uma vez, a habilidade do governo de tentar implementar reformas econômicas sem causar instabilidade.

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09/06/2024 00:01h

A MP limita o uso de créditos tributários com o Programa de Interação Social/Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (PIS/Cofins)

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A Confederação Nacional da Indústria (CNI) estima que a Medida Provisória número 1.227 deve causar um impacto negativo de R$ 29,2 bilhões na indústria nos sete meses de sua vigência em 2024. Em 2025, o impacto negativo deve chegar a R$ 60,8 bilhões. Já a manutenção da desoneração da folha de pagamentos, que provocou a edição da MP, produz impacto positivo para a indústria de R$ 9,3 bilhões neste ano.

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O economista e advogado Alessandro Azzoni aponta que essa MP traz mudanças significativas nos regimes de compensação tributária, principalmente dos indébitos.

Ele explica que o indébito tributário é um valor que os empresários pagam a mais no recolhimento do imposto, podendo acontecer por diversos motivos, como a isenção de um produto que antes era tributado e erro na base de cálculo. Por isso, esses empresários têm direito de ressarcimento.

“Existe o regime de compensação. Então eu entro com um processo, levanto quanto eu paguei a mais, atualiza-se esse valor e eu fazia as compensações mensais do meu tributo. Com essa nova regra, eles querem definir um prazo mínimo para compensação tributária”, explica.

A MP 1.227 limita o uso de créditos tributários com o Programa de Interação Social/Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (PIS/Cofins), o que resulta em um aumento indireto da carga tributária para a empresa.

André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online, afirma que reconhece a necessidade de o governo arrecadar mais tributos, mas é “importante” não perder de vista a necessidade de colocar a indústria doméstica “de pé” novamente.

“Não adianta, de um lado, você aprovar um projeto de depreciação acelerada, que visa dar maior liquidez para a indústria brasileira, se do outro você vai na contramão e tira essa liquidez através da aprovação dessa MP”, aponta.

Ela pontua que a MP impacta de forma significativa um dos setores que mais tem sido prejudicado no Brasil, devido ao excesso de burocracia e taxas de juros elevadas.

Outros impactos

De acordo com a CNI, a MP 1.227, junto com outras medidas do ano passado, podem causar um impacto negativo total de R$ 79,1 bilhões para a indústria neste ano.

Uma dessas medidas é a tributação das subvenções para investimento e custeio, que faz com que as empresas percam cerca de R$ 25,9 bilhões. Outra medida é a limitação temporal ao aproveitamento de créditos tributários federais decorrentes de decisão judicial (Lei 14.873/2024), com perdas estimadas em R$ 24 bilhões.

Asafe Gonçalves, especialista em direito tributário e sócio diretor do Asafe Gonçalves Advogados, aponta que a CNI olha para essa MP como um retrocesso para a competitividade no país.

Para o especialista, o “problema” é que a MP está ocorrendo em um contexto em que o governo brasileiro está tentando restaurar a competitividade da indústria, com a proposta da Nova Indústria do Brasil.

“Se a gente for pensar, essa medida está tentando equilibrar as contas públicas. Só que ela está fazendo isso à custa da saúde financeira das indústrias. O problema é que é crucial para o desenvolvimento econômico do país você ter uma indústria forte. Então, essa situação exige uma avaliação muito cuidadosa dos benefícios a longo prazo dessas políticas fiscais em relação aos danos potenciais à competitividade da indústria”, destaca.

Associações

Em nota, a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ) afirmou que esses tipos de medidas não podem ficar concentradas só no aumento da arrecadação tributária. Elas também devem ser direcionadas à redução das despesas públicas.

“Os setores produtivos, em especial, a indústria de transformação, que tem papel extremamente importante na economia como produtor de bens de maior valor agregado e que mais contribui para a arrecadação tributária e na geração e manutenção de empregos melhor remunerados, são, de novo,  instados a arcar com aumento da carga fiscal e postergação da devolução, pelo erário federal, de créditos tributários que vão deixar de ser compensados”, aponta a nota.

Para o presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), André Passos Cordeiro, essa medida vem em um momento de fragilidade da indústria química brasileira, já que a produção nacional “sofre” com a entrada desenfreada de produtos importados.

“[Além disso], essa decisão vai totalmente na contramão de iniciativas que o atual governo vem tomando acertadamente no sentido de promover a neoindustrialização no país. Entre elas, a retomada do Regime Especial da Indústria Química (REIQ)”, destaca.

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05/06/2024 01:00h

Indústria propõe 10 orientações para impulsionar a agenda de desenvolvimento do país, confira

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A Declaração pelo Desenvolvimento da Indústria e do Brasil, apoiada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), todas as federações estaduais de indústria e 74 associações industriais, foi apresentada durante a cerimônia de entrega da medalha da Ordem do Mérito Industrial, na sede da CNI, em Brasília, na terça-feira (28/05). O documento destaca que a reindustrialização no Brasil precisa ser conduzida com base em abordagens de desenvolvimento mais modernas.

A declaração foi entregue ao vice-presidente da República e ministro de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, ao presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Bruno Dantas, e ao presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante. O documento conjunto ressalta que a indústria mantém sua posição como um setor estratégico, desempenhando um papel “decisivo” no impulso da economia e no fortalecimento das cadeias de valor.

O presidente da CNI, Ricardo Alban, destacou o papel central da indústria  no avanço tecnológico, na geração de empregos e na criação de riqueza.

“Não é possível garantirmos um desenvolvimento social, um desenvolvimento justo, uma busca da equidade, sem crescimento econômico. Não tem possibilidade, na história da humanidade, pelo menos da civilização recente, de crescimento econômico sustentável sem uma indústria forte e sustentável”, pontuou.

O presidente da CNI afirmou que continuará trabalhando para o desenvolvimento econômico e para a criação de um mercado interno forte, que garanta a sustentabilidade. 

A Declaração pelo Desenvolvimento da Indústria e do Brasil enfatiza que a diversidade, integração e capacidade do parque industrial brasileiro são capazes de impulsionar um novo ciclo de desenvolvimento econômico e social, com maior sustentabilidade e inclusão. Além disso, destaca que os recursos naturais do Brasil, aliados aos ativos em energia renovável, conferem ao país uma posição privilegiada para liderar o novo paradigma de descarbonização e economia verde.

“A indústria está pronta e disposta a contribuir com o projeto nacional de neoindustrialização. O setor industrial propõe 10 princípios orientadores para impulsionar a agenda nacional de desenvolvimento. Esses princípios são fundamentais para garantir que a reindustrialização do Brasil seja bem-sucedida e traga benefícios duradouros para a sociedade”, pontua a declaração conjunta.

VEJA OS 10 PRINCÍPIOS PROPOSTOS PELO SETOR:

1. Nova Indústria Brasil (NIB) como centro da agenda nacional de desenvolvimento

Posicionar a NIB no centro da agenda nacional de desenvolvimento, adotando suas diretrizes como referência para a formulação de outras políticas estatais. Seu papel é permitir ao Brasil e às empresas brasileiras enfrentarem os desafios atuais, aumentando sua produtividade para transformar nossa realidade socioeconômica, gerando mais empregos e renda.

2. Recursos em quantidade e a custo competitivo nos financiamentos do Plano Mais Produção

Garantir recursos para o financiamento de investimentos na indústria em volumes e custos que permitam ao setor contribuir decisivamente para o cumprimento das metas da nova política industrial, promovendo a expansão e modernização do parque industrial. Fortalecer e capitalizar o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e os bancos de desenvolvimento regionais.

3. Sistema tributário moderno e eficiente 

Assegurar a qualidade da regulamentação do novo sistema tributário sobre o consumo e aprimorar o sistema tributário sobre a renda para torná-lo eficiente, funcional e alinhado às melhores práticas internacionais, garantindo maior produtividade e competitividade para a indústria.

4. Menor custo de capital para garantir competitividade

Diminuir o custo de capital para que as indústrias possam se financiar a taxas de juros menores e próximas das praticadas pelos principais países concorrentes do Brasil. Isso envolve a redução da taxa básica de juros e a abordagem dos componentes do elevado spread bancário [nível de lucro das operações de um banco, considerando o quanto ele paga e o quanto cobra de juros], como a concentração bancária, a tributação sobre a intermediação financeira e a baixa recuperação do crédito.

5. Inovação industrial para a transformação digital e a transição energética

Promover a inovação no setor produtivo facilitando o acesso a recursos de subvenção para Pesquisa e Desenvolvimento, bem como para a aproximação entre instituições de pesquisa e a indústria. Modernizar o sistema de marcas e patentes, apoiar startups, habitats de inovação e fundos de capital de risco. Fortalecer os projetos de pesquisa para ampliar a diversificação e a complexidade produtiva em áreas estratégicas para o país, especialmente aquelas relacionadas à transformação digital e à transição energética.

6. Descarbonização e powershoring

Construir uma estratégia nacional de descarbonização que priorize iniciativas para a transição energética, mercado de carbono, economia circular e conservação florestal. O Brasil também pode se beneficiar do movimento de powershoring (instalação de indústrias em locais com alto potencial de energias renováveis), atraindo investimentos para energia limpa, segura e com preços competitivos.

7. Energia e transportes mais baratos e eficientes

Reduzir o custo da energia, aumentar a oferta de gás natural a preços competitivos, melhorar a qualidade das estradas, diminuir o uso do transporte rodoviário em longas distâncias substituindo-o por outras modalidades e modernizar o sistema portuário para receber navios de grande porte.

8. Inserção internacional pragmática

Expandir a participação do Brasil nas cadeias globais de valor através do aumento das exportações. Estruturar um sistema de defesa comercial e combate à concorrência desleal, eliminando barreiras comerciais em terceiros países e aumentando os acordos comerciais. Fortalecer o financiamento das exportações de bens e serviços. Atrair investimentos externos para modernizar o parque industrial e desenvolver capacidades tecnológicas.

9. Recursos humanos capacitados para a nova economia

Melhorar a qualidade da educação e investir em educação profissional e tecnológica para atender às demandas do mercado de trabalho em constante evolução, formando recursos humanos que contribuam para o aumento da produtividade e a garantia de maior competitividade para a economia.

10. Qualidade regulatória

Tornar o processo regulatório mais claro, transparente, previsível e baseado em evidências, com ampla participação dos setores regulados e alinhado às melhores práticas internacionais. Combater práticas ilegais de comércio e fortalecer a segurança pública para melhorar o ambiente de negócios e incentivar o investimento.

 

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28/05/2024 00:04h

De acordo com pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Sondagem Industrial mostrou, ainda, estabilidade no número de empregados na indústria e volume de estoque de acordo com o planejado pelos empresários

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Estudo realizado em abril de 2024 mostrou um aumento da produção industrial incomum para o período. Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o índice de evolução da produção, que costuma atingir a queda nessa mesma época do ano, bateu 51,2 pontos neste mês, permanecendo acima da linha divisória de 50 pontos pelo segundo mês consecutivo, indicando aumento significativo na produção.


Segundo dados da pesquisa, que tem como objetivo conhecer a tendência da atividade industrial e as expectativas dos empresários, bem como realizar uma sondagem de opinião empresarial mensal, o cenário atípico é resultado do crescimento das grandes empresas, que bateram 53,5 pontos — e da estabilidade do indicador das médias, que ficou com 50,1 pontos. Em contrapartida, para as pequenas empresas, o índice apontou queda na produção, marcando 47,6 pontos.


Para o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, o avanço está ligado à estabilidade do ajuste dos estoques conforme o planejado pelos industriais, o que já vem acontecendo há cinco meses.


“Esse momento mais positivo para a indústria se deve à estabilidade dos estoques, que já vem de algum tempo — o que faz com que aumentos na demanda se traduzam em maior produção e manutenção do emprego. De uma forma geral, as expectativas pioraram um pouco na passagem de abril para maio de 2024, as variações foram pequenas, de forma que os índices continuaram acima de 50 pontos, mostrando otimismo dos empresários”, explica. 


Em abril houve, ainda, expansão no número de empregados estáveis nas grandes indústrias. De acordo com a pesquisa da CNI, os números chegaram a 50,1 pontos, sendo esse o terceiro mês seguido em que o índice fica acima da linha divisória dos 50 pontos em abril, para o setor. Porém, houve queda no número de empregados nas pequenas indústrias.

Na opinião do economista Roberto Piscitelli, professor de Finanças Públicas da Universidade de Brasília (UNB), os avanços que foram captados e a manutenção dos estoques indicam que os excessos que vinham do ano anterior, 2023 foram eliminados. Portanto, as empresas estão trabalhando de acordo com o que já haviam planejado.

“Talvez seja bom levar em conta o fato de que o aumento da produção e a expectativa favorável em relação às grandes empresas induzem a perspectiva de que a gente melhore em média os níveis salariais. São as grandes empresas no geral que se valem de tecnologias mais avançadas e de empregados mais especializados — e, portanto, mais bem remunerados. As pequenas, ao contrário; apesar de empregarem um número maior de pessoas tendem a pagar salários mais baixos”, aponta.


Elaborada em parceria com 25 Federações de Indústria, a pesquisa de Sondagem Industrial da CNI apresenta resultados por porte de empresa, regiões geográficas e setores de atividades industriais extrativas e de transformação.


Reportagem, Carol Castro

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17/05/2024 01:02h

Ao longo de 10 anos, a meta é chegar à casa dos R$ 4 bilhões em investimentos. CNI compra cota pioneira de R$ 2 milhões

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O Instituto Amazônia+21 lança, nesta sexta-feira (17), a Facility de Investimentos Sustentáveis. Trata-se de uma plataforma destinada a atrair investimentos para impulsionar empreendimentos sustentáveis na região amazônica. A intenção inicial é captar R$ 600 milhões nos primeiros três anos. Ao longo de 10 anos, a meta é chegar à casa dos R$ 4 bilhões em investimentos.

Essa iniciativa, liderada por empresários locais, recebe apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e das nove federações das indústrias dos estados que compõem a Amazônia Legal. São eles: Amazonas, Acre, Rondônia, Roraima, Pará, Maranhão, Amapá, Tocantins e Mato Grosso.

Com o valor, o Instituto Amazônia+21 espera os seguintes impactos: 

  • Desenvolvimento de uma economia de alto valor agregado, justa e inclusiva no bioma; 
  • Redução do desmatamento, das emissões, da poluição e aumento da conservação da biodiversidade; 
  • Desenvolvimento socioeconômico e a melhoria das condições de vida das populações locais; 
  • Ampliação e diversificação da oferta de bens e serviços no território.

A ferramenta Facility de Investimentos Sustentáveis vai operar por meio de um modelo de financiamento misto, conhecido como blended finance. Esse formato combina recursos provenientes de fontes comerciais, públicas, de fomento e filantrópicas, com o intuito de viabilizar projetos que gerem impactos sociais e ambientais positivos.

A ferramenta de investimentos vai trabalhar simultaneamente com quatro plataformas em setores como bioeconomia, energia renovável e turismo sustentável.

BENEFÍCIOS

Para os doadores, há benefícios significativos, como a capacidade de alavancar seu capital em até sete vezes e a oportunidade de participar ativamente da governança da ferramenta. Enquanto isso, os investidores comerciais podem esperar retornos financeiros semelhantes às taxas e prazos do mercado tradicional.

Além disso, tanto doadores quanto investidores estarão contribuindo diretamente para o combate às mudanças climáticas e para a conservação do meio ambiente e da biodiversidade.

CNI

A CNI é a primeira entidade a investir no Fundo Catalítico da Amazônia. Ao adquirir uma das dez cotas pioneiras do Fundo, no valor de R$ 2 milhões, a entidade garante, por um período de dez anos, uma cadeira no conselho estratégico da Facility de Investimentos Sustentáveis, com poderes consultivos e deliberativos.

O conselho estará envolvido em todas as etapas de implementação e operação da plataforma, receberá relatórios de desempenho operacional, financeiro e de impacto, e será convidado a participar das decisões estratégicas ao longo do processo.

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14/05/2024 00:06h

Isenção vale para produtos de até US$ 50 em compras em sites internacionais

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O setor produtivo representado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) emitiu uma nota em apoio à Câmara dos Deputados na defesa da proposta de  revisão da isenção dos tributos federais sobre importações de até 50 dólares, em compras feitas em plataformas internacionais de comércio eletrônico. 

A nota diz que “é impossível que a indústria e o comércio nacionais, que pagam em média 45% de impostos federais embutidos nos preços, concorram com os produtos importados que pagam muito menos”. E ainda que essa realidade contribui para diminuição de empregos  — e reduz a arrecadação da União, prejudicando o equilíbrio fiscal.

Sobre as importações de até 50 dólares, os estados arrecadam 17% com o ICMS — 4 pontos percentuais a menos que da produção nacional — De acordo com a nota, seria preciso instituir um imposto de importação de, no mínimo, 40%. 

Em 2023, em apenas cinco meses com a tributação de ICMS, os estados arrecadaram R$ 632,2 milhões. Com a inclusão do imposto de importação ou o aumento do ICMS, a previsão é de que o valor arrecadado supere R$ 5 bilhões em um ano.
 

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