IBGE

22/06/2024 00:01h

Dados da PNAD Contínua, divulgados nesta sexta-feira (21), mostram que em 2023, 8,4% dos mais de 100 milhões de ocupados estavam associados a sindicatos contra 16,1% em 2012

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Desde a reforma trabalhista (Lei 13.467/17), em 2017 e, após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em reforçar que a contribuição sindical não é mais obrigatória uma vez por ano no contracheque do trabalhador que os sindicatos de todo o país viram seus números de associados caírem e, por tabela, suas receitas líquidas. Alguns chegaram a fechar as portas por não conseguirem mais sustentar os custos.

Essa redução drástica foi confirmada em números, nesta sexta-feira (21), por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, dentro do módulo Características Adicionais do Mercado de Trabalho. Segundo o levantamento, em 2023 haviam apenas 8,4 milhões de sindicalizados no país, de um universo de 100,7 milhões de pessoas ocupadas, o equivalente a 8,4%. No ano anterior, em 2022, os sindicalizados eram 9,1 milhões.

Em 2012, quando foi iniciada a série histórica, os sindicalizados representavam 16,1%, o equivalente a 14,4 milhões de trabalhadores à época. Os números de associados seguiram crescendo até 2016 para depois iniciarem um acelerado processo de declínio. Segundo a pesquisa, nos anos seguintes, mesmo com a recuperação do mercado de trabalho, o número de pessoas associadas a sindicados seguiu caindo, o que resultou na menor taxa de sindicalização da série histórica - 8,4%, em 2023.

Além da reforma trabalhista, outro fator que contribuiu para a queda de sindicalizados, segundo especialistas, foi o fenômeno da pejotização, facilitada com o advento da lei federal que flexibilizou inúmeros contratos de trabalho.

A PNAD mostra que as sucessivas quedas de sindicalizações se deram, principalmente, entre trabalhadores da indústria, da administração pública, do comércio e da agricultura.

Contribuição sindical

Para o advogado trabalhista Pedro Maciel, essa dessindicalização em massa se potencializou após o STF tornar a contribuição sindical facultativa e, ainda, porque muitos trabalhadores hoje não se sentem representados por seus sindicatos.

Segundo ele, desde a reforma trabalhista há muita ameaça aos sindicatos e muitos fecharam as portas por não conseguirem mais se manter. "Foi uma mudança muito abrupta, brusca e não deu tempo de os sindicatos se adequarem. Eles nunca haviam se preocupado com isso antes", acrescentou.

O mestre em direito das relações sociais e trabalhistas, Washington Barbosa, compartilha da mesma visão de Maciel. A crise nos sindicatos se instaurou após a reforma trabalhista, e, segundo ele, estes organismos precisam se reinventar para poder atrair associados novamente.

"Para que os sindicatos alterem essa tendência, eles têm que agregar mais serviços, sair da estrutura político-partidária e focar na categoria. Eles têm que trabalhar os desejos da categoria, eles têm que estar mais próximos da categoria, o que nos últimos anos acabou não acontecendo. Um outro ponto que eles devem fazer pra reverter essa situação é agregar outros serviços, assistência jurídica, previdenciária, securitária, alguns benefícios no que diz respeito a lazer, ele têm que abranger outros aspectos", disse Barbosa.

Pedro Maciel acrescenta que a questão sindical tem muito a ver hoje com a forma de atuação destas entidades e como elas trabalham a representatividade de seus associados. "Porque, de fato, como não é mais obrigatório, as pessoas apenas se sindicalizam se elas tiverem alguma vantagem nisso”, disse, se referindo à contribuição sindical.

Importância

Washington Barbosa se diz preocupado com o futuro do movimento sindical no Brasil. Ele ressalta a importância deste mecanismo para as relações de capital e trabalho, como mediador entre trabalhador e patrão. "Mas o modelo do Brasil está fadado ao fracasso porque ele trabalha no que a gente chama de unicidade sindical, ou seja, em cada localidade existe somente um sindicato para cada categoria. Isso acabou criando um mercado dos sindicatos, onde quem chegava primeiro conseguia a carta sindical e não necessariamente o envolvido com a categoria", assinalou.

Para ele, para que sindicatos sobrevivam teria que acabar com essa unidade sindical e não depender da autorização do governo para ter somente um sindicato em cada localidade. "Realmente retornarem à sua função histórica de defender os interesses dos trabalhadores e ter bom senso entre a importância do capital, do empregador, do empreendedor e a importância de se garantir os direitos dos trabalhadores."

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15/06/2024 03:00h

Pesquisa Mensal da Indústria divulgada nesta sexta-feira (14) pelo IBGE mostra que cinco dos 15 lugares pesquisados, o setor industrial apresentou queda em abril

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A indústria nacional registrou um leve recuo de 0,5% em abril se comparado a março. Os números foram revelados pela Pesquisa Mensal da Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PMI/IBGE), nesta sexta-feira (14).

Dos 15 locais pesquisados, cinco também seguiram em queda naquele mês: Pará, Bahia, Goiás, Minas Gerais e a região Nordeste. O Estado do Pará, na região Norte foi o que mais apresentou retração em sua indústria local, com 11,2%. De acordo com o analista da PIM Regional, Bernardo Almeida, a indústria paraense foi uma das principais influências negativas sobre o resultado nacional. "O setor extrativo foi o que mais influenciou esse comportamento negativo para o Pará", disse o especialista pelo fato de ela ser pouco diversificada.

Em segundo lugar, em ternos de infIuência no cenário nacional aparece a Bahia, com queda de 5,4%. "Os setores de derivado e petróleo e também de produtos químicos foram os setores que mais influenciaram esse comportamento da indústria baiana nesse mês de abril", acrescentou Bernardo.

Indústria do Nordeste

Na análise do economista Newton Marques, a influência da queda na indústria da região Nordeste como um todo não tem muito impacto no resultado nacional, haja vista que o grosso do setor industrial está mais concentrado nas regiões Sul e Sudeste. 

"Essa informação não é tão relevante do ponto de vista de mostrar que está havendo uma desindustrialização ou mesmo uma situação muito negativa para a indústria como um todo, principalmente que a indústria tem um efeito para frente e para trás muito importante e acaba ressentindo as elevadas taxas de juro ainda um ambiente que não dá pra dizer que é de um desempenho da atividade econômica", disse.

Destaque

Já no lado positivo, destaca Bernardo, aparece a indústria do Paraná, com crescimento de  12,8% em termos regionais. Segundo ele, a ´performance se deu nos setores de derivado de petróleo e também de alimentos. "Com essa taxa, elimina 2 meses de resultado negativos onde acumulou uma perda de 12,6%", observou o analista.

Bernardo também destaca São Paulo, que registrou um crescimento de 1,9%, principalmente na indústria de alimentos, derivados de petróleo e também de veículos e mostra que a indústria paulista está em franca recuperação. "Com esse resultado, está 1,8% acima do seu patamar pré-pandemia", destacou.

Newton Marques assinala que o recuo de 0,5% na indústria nacional em abril não é "de todo ruim". "Mas é um número que não é positivo por conta de que a indústria está reagindo abaixo do que estava sendo esperado", finalizou. 

 

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15/06/2024 03:00h

Segundo Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE, abril fechou com alta de 0,9% nas vendas do setor

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Pelo quarto mês consecutivo, as vendas do comércio no Brasil fecharam com saldo positivo, segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (13). A alta em abril foi 0,9% maior na comparação com o mês anterior e 2,2% maior que o mesmo mês de 2023.

No acumulado do ano, o varejo já registra 4,9% de crescimento e, nos últimos 12 meses, alta de 2,7%. De acordo com o gerente da PMC, Cristiano Santos, quatro meses de crescimento do comércio varejista brasileiro só aconteceram em meados de 2023. "Naquele momento, houve quatro resultados não negativos. Acontece que, dessa vez, os resultados tiveram uma maior amplitude. Então, a variação final desses quatro meses foi maior do que aquele momento de 2023, em que o comércio experienciava crescimentos muito baixos, muito próximos de zero", disse.

Resultado positivo

O especialista acrescenta que esse resultado positivo do primeiro quadrimestre posiciona o índice de base fixa, com ajuste sazonal, no seu nível histórico. "Na verdade, em fevereiro o nível recorde já tinha sido atingido, só que agora ele se amplifica", acrescentou. 

Dentre as oito atividades pesquisadas, cinco registram êxito em abril, com destaque para equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (14,2%) e Hiper, supermercados, produtos  alimentícios, bebidas e fumo (1,5%).

Crescimento econômico

Para o economista Cesar Bergo, esses números positivos contribuem para a manutenção do crescimento econômico do país, que já projeta para o final do ano um crescimento em torno de 2%. "O varejo tem sustentado esse crescimento. Também esse aumento nas vendas do varejo pode manter o mercado de trabalho aquecido, com contratações e melhorias nas rendas dos trabalhadores", disse.

Bergo acrescenta que políticas adotadas pelo governo federal, como a antecipação do décimo terceiro e o programa Desenrola, vêm estimulando o consumo e movimentado significativamente o varejo.

Mas, sinaliza, o mercado esperava um crescimento maior do varejo em abril. A expectativa era que fosse um crescimento em torno de 1,3%. Para o economista, o varejo ampliado, que contempla veículos e motos, por exemplo, contribuíram para que a expansão das vendas do comércio não avançassem mais.

"Mas de qualquer forma, vem sustentando esse crescimento e ajudando que o PIB do país se mantenha positivo. "Lembrando que esses números não contemplam as questões no Sul do país. Esses números devem vir em maio, de forma negativa", observou o economista. 
 

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14/06/2024 00:05h

Esse é o segundo resultado positivo seguido, conforme pesquisa mensal do IBGE divulgada nesta quarta-feira (12)

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Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que o volume de serviços consumidos no Brasil cresceu 0,5% em abril em relação ao mês anterior. Esse acréscimo se deu, principalmente, pelo maior consumo no setor de transporte, que registrou alta de 1,7%.

Os números revelam, ainda, que o consumo no setor de serviços se encontra 12,9% acima do nível de fevereiro de 2020, mostrando uma franca recuperação do segmento no pós-pandemia. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (12) pelo IBGE.

O gerente da PMS, Rodrigo Lobo, ressalta que esse é o segundo resultado positivo consecutivo para o setor - abril só perde para dezembro de 2022, quando registrou uma alta de 0,7% no volume de serviços – que acumula um ganho de 1,2% nesses dois últimos meses.

CENÁRIO FAVORÁVEL

Essa expansão foi acompanhada por três das cinco atividades de divulgação investigadas, com destaque para os avanços vindos de transportes (1,7%) e de outros serviços (5,0%), com ambos crescendo pelo segundo mês consecutivo e acumulando ganhos de 2,5% e 5,3%, respectivamente. O outro avanço ficou com informação e comunicação (0,4%), que renova, em abril de 2024, o ápice de sua série histórica.

Em contrapartida, os serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,1%) e os prestados às famílias (-1,8%) recuaram neste mês, após terem avançado em março.

O economista e membro do Conselho Regional de Economia do Distrito Federal (Corecon), Newton Marques, chama a atenção sobre o avanço do setor de turismo no período. “Cresceu 2,3% em abril e acumula um ganho de 2,4%. Isso mostra que o setor de turismo está em alta e puxa bastante esse indicador do setor de serviços”, disse.

Com isso, a pesquisa indica que o segmento de turismo se encontra 4,7% acima do patamar de fevereiro de 2020 e 3,0% abaixo do ponto mais alto da série, alcançado em fevereiro de 2014, ano em que o Brasil sediou a Copa do Mundo.

SÃO PAULO SE DESTACA

Quando se observa o desempenho regional, a pesquisa mostra que, em 20 dos 27 estados, houve avanço no volume de serviços em abril se comparado com março.

Os impactos mais importantes vieram de São Paulo (0,6%) e de Minas Gerais (3,2%), seguidos por Bahia (5,7%) e Distrito Federal (5,4%). Em contrapartida, Rio de Janeiro (-0,7%), Tocantins (22,5%) e Paraná (-1,0%) exerceram as principais influências negativas do mês.

Newton Marques afirma que a expansão do volume de serviços está muito ligada à própria atividade econômica nos setores primário e secundário. “Primário, agropecuária, e secundário, industrial. A gente está assistindo a uma redução do desemprego, mês a mês e a atividade econômica continua sendo positiva, então isso acaba impactando no setor de serviços”, completou.
 

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06/06/2024 00:03h

O resultado de abril interrompeu dois meses consecutivos de crescimento

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Em abril de 2024 a produção industrial nacional apresentou uma queda de 0,5% em relação a março, na série com ajuste sazonal. Esse resultado marca o fim de dois meses seguidos de crescimento, período em que acumulou expansão de 1,0%. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O economista Lauro Chaves Neto, conselheiro do Conselho Federal de Economia (Cofecon), explica que o comportamento ascendente da produção industrial foi interrompido levemente por fatores sazonais.

“No mercado externo, nós temos uma série de conflitos geopolíticos, como a guerra de Israel, guerra da Ucrânia, e isso tem afetado as demandas globais de produtos industriais. Sem contar que o nosso sistema tributário prejudica em muito a competitividade da nossa indústria”, aponta.

Ele afirma que é ”importante” encarar a indústria como o motor da economia, pois ela possui um efeito multiplicador e irradia seus benefícios para todos os setores. Por outro lado, ele também pontua que o crescimento do comércio e dos serviços faz com que aumente a demanda pela indústria no mercado.

A economista e conselheira federal do Cofecon Ana Cláudia Arruda explica que a queda foi puxada por indústrias extrativas, especialmente a produção de minério de ferro e petróleo, e recuou 3,4%. Outra contribuição negativa veio de produtos alimentícios (-0,6%).

Apesar disso, Arruda destaca que no acumulado do ano houve uma recuperação na atividade industrial.

“É um setor que está reagindo positivamente. No primeiro quadrimestre de 2024 a atividade industrial já acumula uma alta de 3.5%. Em 12 meses, a atividade cresceu 1.5%. Mesmo com a queda, é possível observar movimentos interessantes em outros setores estratégicos para a economia, como a indústria automobilística”, ressalta.

Os dados do IBGE mostram que a média móvel trimestral registrou um aumento de 0,2% no trimestre encerrado em abril de 2024 em comparação com o mês anterior.

Expectativas

Para André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online, o setor industrial deve apresentar melhora no decorrer do ano e encerrar 2024 no “azul”.

Ele pontua que em alguns momentos a produção industrial ficou negativa e sofreu com os efeitos da pandemia e da taxa de juros elevada.

“Agora, com o restabelecimento completo das atividades e com a redução da taxa de juros, embora ainda muito aquém daquilo que a gente precisaria, isso deve favorecer a indústria no longo prazo. Então a gente espera por uma retomada”, afirma.

De acordo com o IBGE, vale lembrar que com os resultados de abril de 2024, a produção industrial se encontra 0,1% abaixo do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020) e 16,8% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011.

Leia mais:

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06/06/2024 00:01h

Um estudo do Instituto Trata Brasil mostra que a oferta de um bom serviço valoriza as construções existentes e permite novas construções com maior valorização

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O acesso ao saneamento básico não afeta apenas a saúde, o meio ambiente, e a qualidade de vida das pessoas, mas também impacta no trabalho e interfere significativamente na economia. Mas existe uma outra área que também se beneficia com a qualidade do serviço de coleta de esgoto e tratamento de água: o setor imobiliário. De acordo com o Instituto Trata Brasil, a universalização do saneamento poderia resultar em ganhos imobiliários de até R$ 48 bilhões.

O levantamento mostra que a oferta de um bom serviço valoriza as construções existentes e permite novas construções com maior valorização. Além disso, consegue impulsionar a atividade imobiliária nas cidades e contribui para valorizar os ativos e empreendimentos imobiliários.

O advogado especialista em direito ambiental e agronegócio Evandro Grilli explica que o saneamento interfere diretamente em diferentes setores da economia e, consequentemente, da sociedade. 

“Quando resolve o problema do saneamento, você valoriza os imóveis e traz para a economia um movimento financeiro muito maior, porque você vai ter mais gente pagando economizando com questões de saúde e podendo investir mais na sua moradia”, aponta. E acrescenta:

“Se a gente tem saneamento em todos os locais da expansão urbana, você já parte do pressuposto que novos empreendimentos imobiliários nessas áreas urbanas já servidas para o saneamento básico, eles são empreendimentos imobiliários mais valorizados e com um preço melhor de mercado”, conclui.

Saneamento x Moradia

Segundo o estudo “Benefícios Econômicos e Sociais da Expansão do Saneamento Brasileiro 2022“, do Instituto Trata Brasil, as pessoas que alugam imóvel ou que vivem em moradia própria teriam condições de ganhar cerca de R$ 2,4 bilhões por ano no país, com a universalização do saneamento – um total de R$ 48 bilhões entre 2021 e 2040.

Na opinião da bióloga e engenheira civil Mirella Glajchman, os estudos só mostram que o Brasil ainda não encara a questão do saneamento como prioridade. Para ela, o governo não percebe que o saneamento contribui para resultados positivos nos aspectos social, político e econômico. 

Mirella lamenta que não são todas as regiões que conseguiriam se beneficiar desse resultado.

“Alguns municípios esbarram na escassez de profissionais especializados, na burocracia processual e nas questões políticas. O próprio relatório do Sistema Nacional de Informações sobre o saneamento aponta um avanço muito pequeno em relação ao índice de atendimento de esgoto sanitário nas macrorregiões Norte, Sudeste e Sul. Já na região nordeste há inclusive uma redução desse índice”.

Ainda de acordo com a especialista, “enquanto alguns municípios evoluem. Por outro lado, o país não está conseguindo ter grandes avanços em muitos outros”.

No Brasil, o valor médio dos aluguéis em residências com saneamento é de R$ 792,13, enquanto nas moradias sem os serviços básicos é de R$ 577,82 – uma diferença de R$ 214,31, conforme dados do IBGE (2022), do Painel Saneamento Brasil.
 

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05/06/2024 02:00h

A comparação é com o mesmo período de 2023. Indústria e serviços tiveram destaque, já a agropecuária foi o único setor que registrou queda, de 3%. Ddos são do IBGE

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No primeiro trimestre do ano a economia brasileira cresceu 2,5% em comparação com o mesmo período de 2023. Já o Produto Interno Bruto (PIB), em relação ao último trimestre do ano passado, apresentou alta de 0,8%. Em valores correntes, o PIB chega a R$ 2,7 trilhões de reais. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo o IBGE, em um recorte setorial, indústria e serviços avançaram no período 2,8% e 3%, respectivamente. Já a agropecuária foi o único setor que registrou queda, de 3%. 

A economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV) e coordenadora do Monitor do PIB, Juliana Trece, aponta a supersafra de 2023 como fator esperado para o resultado em 2024 do setor. Apesar disso, ela avalia que os dados apontam um momento positivo para a economia do país.

“Então, esse movimento até de retração no primeiro trimestre em relação ao primeiro de 23 na agropecuária é super esperado. O ponto positivo é que a indústria e serviços mostraram um crescimento, mostraram um bom início de 2024”, menciona Juliana Trece.

Crescimento tímido

No primeiro trimestre de 2024 o setor de serviços teve alta de 1,4%, principalmente em função das contribuições do Comércio (3,0%), de Informação e Comunicação (2,1%) e de Outras atividades de serviços (1,6%). Já a Agropecuária cresceu 11,3% e a indústria registrou uma pequena variação negativa (-0,1%), que é considerada estabilidade.

O economista Luigi Mauri explica que, geralmente, a economia do Brasil cresce mais no primeiro trimestre e, em 2024, o cenário não se repetiu. “Ou seja, o fato de nós termos crescido menos no primeiro trimestre deste ano do que em relação ao primeiro trimestre do ano passado revela que, muito possivelmente, nós vamos ter um crescimento menor esse ano do que em relação ao ano passado”, pontua o especialista.

Luigi Mauri avalia que, apesar da alta no PIB, ainda existem possibilidades para o crescimento do país. Ele afirma que a indústria “nunca cresce tanto quanto talvez poderia e nós acabamos sempre puxados bastante pelo agronegócio”.

Os dados mostram, ainda, que o consumo das famílias (4,4%) e as despesas do governo (2,6%) também tiveram alta na comparação com o primeiro trimestre de 2023.

Cenário para o Rio Grande do Sul

Os dados do segundo trimestre devem sofrer os impactos da tragédia no Rio Grande do Sul. Juliana Trece menciona perdas de estoque de capital e destruição de empresas e lavouras que podem repercutir ao longo de 2024, não apenas nos próximos três meses. 

“Então, é até bom a gente ter iniciado o ano com uma economia forte, o PIB crescendo bem, porque a gente sabe que vão ter desafios ao longo do segundo, terceiro, quarto trimestre com essa questão toda de reconstrução da economia gaúcha”, reforça Juliana Trece.
 

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01/06/2024 00:04h

Trata-se do terceiro resultado positivo seguido do indicador. Entre os setores de maior influência estão alimentos, indústrias extrativas, papel e celulose

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O Índice de Preços ao Produtor (IPP) subiu 0,74% em abril, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (28). Trata-se do terceiro resultado positivo seguido do indicador. O acumulado no ano foi de 0,99%, enquanto o acumulado em 12 meses ficou em -3,08%. Em março, o IPP havia subido 0,35%.

Das 24 atividades industriais investigadas na pesquisa, 20 apresentaram aumento em abril. As maiores variações registradas foram em papel e celulose (3,99%); indústrias extrativas (-3,58%); fumo (2,49%); e farmacêutica (2,10%). Entre os setores de maior influência de preços ao produtor estão alimentos, indústrias extrativas, papel e celulose e refino de petróleo e biocombustíveis. 

O analista da pesquisa, Felipe Câmara, explica que o resultado do índice no mês está relacionado, em especial, ao comportamento das cadeias derivadas da soja e da cana-de-açúcar, especificamente para os maiores preços do óleo bruto de soja e do etanol na porta da fábrica.

“Pelo lado da demanda, o preço do óleo de soja respondeu à competição entre a fabricação de alimentos e a de biodiesel, num contexto de disponibilidade doméstica do grão afetada pela menor produtividade da safra corrente e pelo maior volume de exportações do primeiro trimestre. O reflexo nos bens destinados ao consumo final se fez sentir de forma mais clara no preço da margarina, enquanto o próprio óleo bruto teve esse impacto refletido na alta dos bens intermediários”, aponta Felipe Câmara.

Já André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online, de São Paulo (SP) e mestre em Economia Política, avalia que a aceleração do índice está concentrada nas indústrias de transformação. Segundo ele, o aumento percebido em abril reflete a aceleração dos preços da indústria de transformação, já que as indústrias extrativas têm registrado sucessivas deflações, inclusive, no último trimestre. 

André avalia, ainda, que é cedo para dizer que o aumento do IPP em abril, e registrado no último trimestre, possa refletir nos valores pagos pelos consumidores, já que isso só pode acontecer com um aumento significativo do índice.

Fique por dentro

O Índice de Preços ao Produtor (IPP) das Indústrias Extrativas e de Transformação mede os preços de produtos “na porta de fábrica”, sem impostos e fretes — e abrange as grandes categorias econômicas.
 

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01/06/2024 00:01h

Dados do IBGE apontam que o Centro-Oeste se destacou com o maior Coeficiente de Desequilíbrio Regional de 2023 igual a 1,00. A média nacional foi de R$ 1.893. As regiões Nordeste e Norte apresentaram rendimentos inferiores à nacional.

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A região Centro-oeste tem maior destaque em relação à renda por pessoa no país, sendo R$ 2.264, valor acima da média nacional de R$ 1.893. Segundo dados divulgados nesta quarta-feira (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a região teve o Coeficiente de Desequilíbrio Regional (CDR) igual a 1,00.

O índice tratou ainda das regiões Nordeste e Norte, que apresentaram rendimentos inferiores à nacional. O Nordeste teve rendimento de R$ 1.155 e um CDR de 0,61. E o Norte teve rendimento de R$ 1.314 e CDR de 0,69.

Os dados apontam a disparidade de renda no Brasil. O economista e professor Gilberto Braga, do Ibmec, avalia que as disparidades regionais são explicadas pelas próprias características econômicas predominantes das regiões.

“Quando se vê que o Centro-Oeste está acima da média nacional, isso mostra justamente a pujança do agronegócio, o crescimento expressivo dos últimos anos muito mais acelerado do que a expansão econômica das outras regiões brasileiras — então isso é capturado nessa pesquisa da PNAD Contínua do IBGE”, diz. Ele acrescenta que a região também é caracterizada pelos rendimentos do funcionalismo público.

Brasil: renda maior, mas ainda desigual

Segundo o diretor do FGV Social, Marcelo Neri, a desigualdade geral no país permaneceu no mesmo nível do ano anterior. Ele explica que apesar de os dados referentes a 2023 se consolidarem como o menor nível da série histórica, criada em 1976, o país ainda é desigual e carece de atenção para mudar o cenário. Neri avalia que os dados mostram um crescimento de renda, mas com desigualdade alta e estável.

“Talvez o principal ponto da evolução brasileira seja na comparação ao longo do tempo — de 2022 para 2023 em termos reais —, a renda cresce a mais de 11%, no entanto a desigualdade entre regiões ou entre pessoas no Brasil não mudou. E ela se encontra num nível muito alto”, aponta Marcelo Neri.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Economistas de São Paulo, Carlos Eduardo Oliveira Júnior. a produção menor também impacta nas economias regionais. Além disso, ele destaca o impacto nas cidades do recebimento de menos recursos pelo Fundo de Participação dos Municípios (FPM). 

“Se teve uma produção menor, uma renda menor nessas regiões e essa população, de uma maneira geral, vai receber menos recursos na cidade e acaba impactando também. Ou seja, o prefeito vai ter menos condições de atender, eventualmente, esses munícipes nessa região lá. Seja com relação à produção, elaboração de obras — ou seja, também, no atendimento da população; em obras sociais, em obras de saúde”, afirma o sindicalista.

Agricultura irrigada para diminuir a pobreza e as desigualdades no Brasil

Perspectivas

Entre as medidas que podem colaborar para a redução da disparidade regional em termos econômicos, os especialistas apontam a criação de programas sociais como Bolsa Família — e foco nos mais pobres, com inclusão produtiva, e programas de microcrédito. Além de planejamento de governos estaduais e municipais. E que não prejudiquem o meio ambiente e tragam benefícios à cidade.

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29/05/2024 00:05h

De acordo com relatório divulgado nesta-terça-feira (28), a taxa apresentou alta de 0,23 pontos percentuais se comparado ao mês anterior

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Pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (28) apontou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), compreendido como uma cesta de produtos e serviços consumida pela população, apresentou alta de 0,44% em maio. O resultado corresponde a 0,23 pontos percentuais (p.p) acima da taxa registrada em abril, de 0,21%.

No ano, o IPCA-15 acumula alta de 2,12% e, em 12 meses, de 3,70%, abaixo dos 3,77% observados nos 12 meses anteriores. Em maio de 2023, a taxa foi de 0,51%.

Para o economista e advogado Alessandro Azzoni, Bacharel em Ciências Econômicas pela Faculdade Metropolitanas Unidas (FMU), o aumento da taxa do IPCA pode ter impacto, inclusive na taxa Selic. 

"Se nós tivermos um impacto diretamente pelo IPCA nós podemos ter uma redução na taxa Selic que pode se estacionar. Lembrando que essa última discussão onde baixou 0,25% da taxa Selic já foi discutida; houve uma discussão dentro do Copom sobre esse viés, então se nós tivermos uma crescente no IPCA, como o IPCA-15 dá prévia, pode ser que nós tenhamos em uma próxima reunião do Copom uma manutenção da taxa Selic para não ter redução", explica.

Segundo os resultados da pesquisa, oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram resultados positivos em maio, sendo que as maiores variações estão nos setores de Saúde e cuidados pessoais, com 1,07% e 0,14 p.p, e Transportes, com 0,77% e 0,16 p.p. As demais variações ficaram entre o -0,44%, nos setores de Artigos de residência e 0,66% no de Vestuário.

Para Newton Marques, economista, mestre e doutor membro do Corecon-DF, a alta registrada no IPCA-15 se deve à pressão do grupo de Saúde e Transportes, que juntos representam quase 0,4%.

“Então, a gente pode dizer que essa pressão não é por excesso de demanda, são preços que são reajustados de acordo com a elevação dos custos. Então se há uma desvalorização cambial, por exemplo, isso provoca pressão no grupo do Transporte e no grupo da Saúde", aponta.

Cenário por regiões

Com relação aos índices regionais, todas as onze localidades analisadas na pesquisa registraram alta no mês de maio, sendo que a maior variação foi registrada em Salvador, com 0,87%, por conta das altas da gasolina, batendo em 6,89%, e energia elétrica residencial, em 3,26%. 

Já o menor resultado ocorreu no Rio de Janeiro, com 0,15%, que apresentou queda nos preços do feijão preto, -10,38%, e das carnes, com -1,56%.

Para o cálculo do IPCA-15, os preços foram coletados no período de 16 de abril a 15 de maio de 2024, e comparados com os vigentes de 15 de março a 15 de abril de 2024.

O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários-mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e do município de Goiânia.

A metodologia utilizada é a mesma do IPCA, sendo que a diferença está no período de coleta dos preços e na abrangência geográfica.

Coleta do IPCA-15 no Rio Grande do Sul 

Em razão da situação de calamidade pública na região metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, a coleta de preços na modalidade remota foi intensificada, permanecendo, também, a coleta em modo presencial quando possível. 

Para o cálculo do IPCA-15, os preços foram coletados no período de 16 de abril a 15 de maio de 2024 e comparados com os vigentes de 15 de março a 15 de abril de 2024. As informações apropriadas no IPCA-15 de maio foram validadas com base nas metodologias de cálculo, crítica e imputação de preços vigentes no Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor (SNIPC). 

A próxima divulgação do IPCA-15, referente ao próximo mês, será em 26 de junho.


 


 

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